quinta-feira, 29 de julho de 2010

Adiantando

Já perceberam como toda pessoa um pouco mais velha tem a mania de adiantar as coisas? Acorda as quatro da manhã pra adiantar a limpeza da casa, começar a fazer o almoço às oito, almoçar às dez…

Eu não entendo essa necessidade que o povo da terceira idade tem de adiantar as coisas desse jeito… Sério! Vocês já repararam?

Minha mãe ainda é estreante na modalidade, mas já adianta tudo. Há um tempo atrás cheguei na casa dela e ela estava adiantando a sopa que iria servir na janta. Isso às quatro da tarde… QUATRO DA TARDE! Sopa demora o quê pra ficar pronta? Meia-hora? Adiantar O QUÊ às quatro da tarde?

A frase “Preciso acordar cedo pra me adiantar” é usada como um mantra por senhorzinhos e senhorinhas. Meu sogro se aproxima dos sessenta anos, mas em espiríto, já está na terceira idade há anos! É o cara mais adiantado que eu já vi (fora o Wagnão).

De onde vem esse necessidade de se adiantar? E as roupas e toalhas e panos de prato guardados para “mais tarde”. Mais tarde quando?

Minha Avó Paterna, dona Ângela, era a pessoa mais adiantada que eu já conheci. Acordava as quatro da manhã e já ia adiantar o quintal a roupa o almoço… No nosso aniversário era sempre a primeira a ligar… As sete da manhã!

Tocava o telefone e a aniversariante já sabia o que ia encontrar do outro lado da linha: A vó Ângela cantando parabéns e provavelmente já preparando o almoço…

Sério… Ela era tão adiantada, mas tão adiantada, que na segunda já tinha preparado o almoço de sexta! De verdade!

E fica a pergunta: Quando se dá essa transformação?

Acho que a minha ainda demora… Por que eu ando tão atrasada, mas tão atrasada, que pra vocês terem uma ideia, hoje, quarta-feira, servi o almoço de segunda… =/ Sério!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Encontros ao acaso = me dei mal.

Não sei se é só comigo, mas todas as vezes que encontro alguém por acaso, não estou na minha "melhor forma", por assim dizer...


Encontros com ex-colegas de trabalho, de escola; ex-chefes, inimigos mortais. Sempre. SEMPRE estou mal-arrumada, cabelo feio, unha por fazer.

E pior. A minha falta de arrumação é diretamente proporcional a "boa" arrumação da pessoa que encontro. Ou seja, hoje que estava sem maquiagem, cabelo por lavar e esmalte descascando, encontrei na farmácia uns amigos do Edu que estavam: cheirosos, bem-arrumados e de cabelos lavados.

É a famosa Lady Murphy... Essa nobre inglesa inescrupulosa, que vive a pegar no meu pé e se diverte em criar as situações mais esdrúxulas pra me fazer passar vergonha.

Se eu vou pegar meu carro na revisão, de tênis, sobrancelha por fazer e suada, é claro que minha nobre amiga Murphy, vai fazer com que lá esteja aquela menina que eu odiava tanto do curso técnico, toda maquiada, sobrancelha feita e salto alto. E é claro que por mais calor que esteja a dita cuja vai estar com a aparência de quem acabou de sair do banho...

E se desço no elevador rapidinho, usando a calça mais confortável de moletom? Aquela mesma, que não valoriza em nada a silhueta e celulites. Lady Murphy mais uma vez estará lá, pronta pra me fazer encontrar uma dezena de vizinhos, todos extremamente interessados em bater-papo.

E quando estou maquiada, unha feita, cabelo escovado e com um belo salto, ninguém, NINGUÉM dá o ar da graça. Inversamente proporcional pros outros... Quando é o inverso do inversamente proporcional (se perdeu?) nunca acontece...

domingo, 30 de maio de 2010

Chega a Copa e nada do fim da Quaresma =s

Por que quando as coisas estão perto do fim, parece que pioram exponencialmente?

Como quando se espera um dia inteiro pra um encontro, e a última hora é a que traz mais agonia... Ou quando se planeja uma viagem os meses passam, mas a última noite, a noite que precede a viagem é agonia pura...

A noite antes de uma cirurgia plástica muito desejada... O final da gravidez e a espera por finalmente conhecer a carinha do "safado (a)" que teimava em enfiar os pés por baixo da sua costela...

E aqui em casa são os 10 dias que precedem o exame de sangue do Lucas... 30 dias passaram razoavelmente, mas esses últimos 5 não foram fáceis, e faltam mais 5!!!

Agonia pura, permeada por noites mal-dormidas, vidro de janela quebrado, beliscões, mordidas, falta de atenção, gritaria... Paciência zero.

Triste ver a falta que a medicação está fazendo, e mais triste ter a consciência de que não poderemos voltar a usá-la...

E seguimos entoando o mantra: Paciência, não é culpa dele! Paciência, não é culpa dele! Paciência, não é culpa dele! Paciência, não é culpa dele! Paciência, não é culpa dele! Paciência, não é culpa dele! Paciência, não é culpa dele!....................................................

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Competição ainda que sem aviso.

Sim. Confesso. Sou competitiva. Compito (palavra feia) por tudo! Mas tudo mesmo!

O filho mais lindo, o marido mais amoroso, ser a mais legal, ser a mais amada, ser a mais forte, ser a mais tudo. Tá em mim. Sim, me envergonho disso, mas é incontrolável.

Compito até com os sobrinhos... Sou uma Competidora Anônima. Tem 12 passos para a cura? Eu preciso me tratar.

Já me remoi jogando "Jogo da Memória" com a Mariana (na época com 3 anos) porque ela chorava quando eu acertava as figuras. Doía ver o monte dela aumentando e o meu ficando pra trás. Por que eu tinha que deixar ela ganhar? Só por ser criança e chorar? Oras, se é esse o motivo, não me faço de rogada, sei fazer birra como ninguém, na verdade, sou a melhor birrenta de todas... Viu? INCONTROLÁVEL.

Apostar corrida com o Guilherme era um sofrimento. Quando era dada a largada não resistia ao impulso de ganhar. Corria como se minha vida dependesse daquilo - e naquele momento dependia.

Aposto corrida com carros na saída do farol. Aposto com o Edu quem etiqueta mais cadernos do Lucas no começo do ano. Aposto com os frequentadores da Academia (tá... quando fazia) quem levanta mais peso ou quem faz mais rápido.

Doença... Tô falando.

40 dias ou Quarentena ou Quaresma... Ah! Chame como quiser.

E veio a proposta:

"Vamos parar com a medicação pra ver se é ela que está dando todo o problema. Peço quarenta dias. De preferência sem tomar nada. Só o anticonvulsivo."

Nossa resposta:

"O que são quarenta dias? Bora! Remédio pra controlar ansiedade e sono? Ná... Somos fortes, guentamos o tranco! \o/"

A voz da razão fala na madrugada:

"Tolos, idiotas, imbecis... Agora guenta. Não dorme? Agora GUENTA!"

Sem mais.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Muito obrigada!!

Oi, gente!! Eu pedi licença pra usar esse espaço pra poder agradecer publicamente pelas minhas irmãs.. por elas existirem, me amarem e me oferecerem seu apoio, sempre! Por que isso agora??

Eu explico.. Há 4 anos eu e meu marido fomos enganados ao comprar uma casa, perdemos o dinheiro pago, a posse da casa nos foi retirada e o stress que isso gerou é impossível de descrever.. Para tentar recuperar a perda iniciamos um processo judicial e ontem foi o ponto culminante: a audiência! Soubemos dessa audiência há quase 2 meses e desde então ficamos meio enlouquecidos.. Falar sobre essa perda e o processo sempre foi muito difícil pra mim, por isso eu evitava o assunto de todas as maneiras possíveis, evitando discuti-lo até com minhas irmãs.. Mas enfim a audiência chegou e com ela, além do meu stress, vieram minhas irmãs e sua rede de sustentação.. Quem tem família (daquelas de verdade, como a minha) ou amigos especiais sabe do que estou falando..

Todas elas se fizeram presentes de alguma maneira: a Agnes e o Érico foram ao Fórum testemunhar e pra isso perderam uma tarde de trabalho. Ela está grávida, mas se dispôs a passar a tarde toda lá com a gente pra contar o que viu e nos ajudar (e não me digam que ela fez só porque é minha irmã, porque tem muita irmã por aí que não ia querer nem saber!) e no final sairam frustados porque o juiz dispensou o depoimento deles. A Alba, além de outras coisas, foi buscar o Rodrigo na escola pra que a Gui e o Érico pudessem ficar até o fim da audiência. A Aurea e a Dri, que estavam trabalhando, me ligaram e mandaram mensagens de apoio .. mesmo eu tendo falado sobre a audiência pra elas praticamente no último minuto..

Além do apoio, essas irmãs maravilhosas me deram cunhados-irmãos.. que as ajudam a formar a rede de sustentação .. O Renato que foi buscar o Gui na escola, o Érico que foi ao Fórum com a gente, e o Du que mandou uma mensagem tão linda que quando eu li chorei um montão .. espero que ele saiba o alento que ela foi pra mim..

Muitas outras pessoas também participaram dessa rede: minha mãe e meu pai, meus sogros, minha cunhada e o marido, além dos amigos.. Eu não tenho como expressar o quanto agradeço a vocês por estarem lá conosco!

Mas meu agradecimento especial é pra elas.. que nem sempre eu quis que existissem (quem nunca quis ser filho único??) .. Irmãs, sei que não sou muito boa para demonstrar o que sinto.. que sou meio travada, mas quero reafirmar que amo vcs demais e que estaria perdida se vcs não existissem! Obrigada!!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Pessoas que Compartilham demais!

Estava eu em reunião (cof) do meu outro blog (o Psychobooks, entrem lá, tá cheio de promos!), com a Pâm e a Tata. Pam, soltou uma das suas pérolas. Vou dividir aqui com vocês:

Pam diz: cara, Hoje no trabalho, quase todo mundo que eu parava pra conversar reclamava de prisão de ventre.

Depois das risadas costumeiras fiquei pensando no assunto. Por que tem gente que tem essa imensa necessidade de compartilhar os mínimos detalhes de suas vidas com qualquer pessoa? E quando eu digo qualquer pessoa, quero dizer qualquer pessoa MESMO. Não importa se é um desconhecido na fila do banco, no ponto de ônibus ou sala de espera de um médico. O negócio é compartilhar, se abrir. Contar tudo.

Tenho marcado em minha memória, dois episódios pra lá de constrangedores. O primeiro aconteceu na porta de uma escola que o Lucas frequentava. Uma mãe de aluno que nunca tinha dado bola pra mim, nem sequer trocado uma única palavra, vira e solta:

"Tô cansada de trocar sexo por trufa!"

O marido da dita-cuja não "comparecia" há meses. E não, ele não era movido a trufas. Ele não esperava uma trufa em troca de favores, digamos assim, hum... Deixa pra lá... Ela que pra descarregar a líbido se jogava no chocolate. Eca.

A outra aconteceu na sala de espera do meu urologista. Em 2005 tive uma crise renal brava. O médico descobriu que tenho um rim defeituoso, por isso sinto dor de vez em quando... Mas chega! Olha eu! Já tô compartilhando demais!!

Uma mulher aparentando uns 30 anos sentou-se ao meu lado. Nessas ocasiões, sempre levo um livro comigo, exatamente pra espantar esses tipos de confidências desnecessárias. Com aquela não teve jeito. Ela começou a falar sem ao menos ligar para minha leitura. O negócio foi fechar o livro, e pagar a penitência.

A partir daí o que se seguiu foi digno de um filme de terror. Tenho um problema sério. Tudo o que me falam eu imagino. A imagem aparece na minha mente e lá se vai o almoço e o jantar... Na história da mulher trufada, até hoje, a imagino toda suja de chocolate, comendo uma trufa atrás da outra. Mas com a mulher da sala de espera a cena descrita (e imaginada) foi pior:

"Tô com infecção urinária. Mininaaaa! Uma dor!! Nem queira saber! Dormi a noite inteira, inteirinha mesmo, segurando a dita-cuja. Com a mão assim, em concha, apertando bem pra amenizar a dor..."

Até hoje a imagem daquela senhora distinta me vem a mente. Sério. Se eu a encontrar na rua, sou capaz de reconhecê-la de tão vívida que é a lembrança. Mas se ela estiver com o passo meio apertado, é melhor correr. Ou serão mais anos de trauma...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Maria e sua Companhia.

Vamos chamar essa pessoa de Maria. Maria é um personagem real. Ela existiu e fedeu em minha vida por seis meses. Sim você leu bem. Ela fedeu!

Maria estudava comigo. Não éramos muito chegadas, mas conversávamos de vez em quando. Nunca tive coragem de falar a verdade na cara dela. Ela já chegava à aula fedida, cheirando suor, mesmo quando estava com o cabelo molhado, o que provava que tinha acabado de sair do banho.

Mas não era qualquer cheiro não, meu povo. Era O CHEIRO. Cebola com um cheiro de passado inexplicável. Praticamente uma entidade que assombrava Maria. Aonde Maria ia a Entidade a acompanhava, fazendo com que todos ao seu redor torcessem o nariz e ficassem respirando pela boca. Um terror.

Nessa época era moda comparecer às domingueiras toda semana. Eu sabia todos os passinhos, já tinha meus paqueras regulares. Ansiava pelos domingos.

Foi quando o The Cure lançou a música "Friday I'm in love". Virou febre! Considerava aquela A minha música (apesar de não entender o que a letra dizia). Tinha que aprender a letra e arrasar na próxima domingueira. Cantar a letra aos berros, impressionar os paqueras e os amigos com o meu inglês afiado.

Passamos - eu e minha amiga Luciana - a semana inteira decorando a letra. Domingo chegou, e lá fomos nós, toda lampeiras prontas para a hora do show. Ia ser um arraso!

Dançamos todas as músicas, acertamos todos os passos. Ah! Naquele domingo não tinha pra ninguém! Estávamos impossíveis! Maria estava lá também, e como sempre, a Entidade a acompanhava. Aquele dia a Entidade estava inspirada. Dava pra sentir o fedor há metros de distância. Pobre Maria...

E começou a música. Minha música. A MÚSICA. E eu estava pronta pra arrasar. Inglês afiadíssimo. Abracei minha amiga Luciana e começamos a cantá-la a plenos pulmões, curtindo o momento. Aquilo chamou a atenção de Maria.

Veja bem, aquela era A música de todo mundo na época. Nada mais natural que fosse também A música de Maria. E Maria também sabia a letra. Se juntou a nós, ela e sua Entidade. Ela abraçada a mim, sua Entidade apoiada em meu ombro. Terminou a música. Maria se foi, levou a Entidade... Mas deixou um filhote da dita-cuja empoleirado em meu ombro. Agora eu tinha minha própria Entidade. Tinha que exorcizá-la. Mas como?! Solução da minha amiga: Um copo de guaraná jogado estrategicamente por sobre a minha roupa. Antes melada do que fedida. E adeus Entidade.

Maria não teve a mesma sorte. Anos depois um amigo em comum a encontrou na feira. Tinha se juntado a um convento e virado freira. A Entidade ainda a acompanhava. Olha... Só por Deus mesmo!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dona Irene Sargentão.

Ninguém pode prever a reação durante um assalto. Sempre tive certeza que a minha reação seria "trocar uma ideia" com o assaltante, e convencê-lo que me roubar não era o melhor negócio do mundo. Pois bem. Na única vez em que fui assaltada, ao perceber a arma apontada para minha cabeça, minha reação foi parar de ouvir o que o ladrão dizia... Pra mim todas as palavras soavam como Blábláblá... Minha amiga que me acompanhava no dia que apertou a tecla SAP do ladrão e traduziu o seu desejo: A bolsa!

Ao entregar a bolsa, outra surpresa. Quando o dito cujo apertou o cano contra a minha fonte, minha reação foi vexaminosa... Quase fiz xixi na calça. E minha amiga, já experiente na matéria, era quem argumentava com o assaltante: "Ah! Deixa os documentos pelo menos!" E eu muda.

Edu foi diferente. Ao perceber o assalto, ainda na adolescência, correu esconder o relógio. O assaltante poderia ter sido enganado se o amigo que o acompanhava não tivesse dado com a língua nos dentes: "Eita Edu... Nem adianta esconder... Ele já viu seu relógio!" Não tinha visto. Mas levou! A pergunta que fica é: Afinal, de quem era o amigo? (risos)

Mas a melhor foi da minha mãe. Antes me deixe discorrer um pouco sobre sua personalidade:
Se formou professora de português. Depois diretora de escola até a aposentadoria. Era dessas diretoras que até o mais encapetado da escola tinha medo. Uma olhada e ela já colocava a molecada no lugar. Era conhecida como Sargentão.

Após a aposentadoria, resolveu se mudar e tentar a vida no interior. Vendeu a casa. Arrumou tudo.

A Áurea e a Dri tinham um tanque com quatro tartarugas. Elas eram pequenininhas e lindas quando foram compradas. O tempo passou e elas se tornaram quatro monstros que precisavam de um aquário tamanho família pra comportá-las. E fediam! Fediam muito! O tanque tinha que ser lavado todo dia. Sobrava pra Dona Irene. Todo dia às 7 horas da manhã lá estava Dona Irene, cuidando das suas tartarugas na calçada.

E foi na calçada, no seu último dia na Urupema 36 que os meliantes a abordaram. Arma em punho: "Vamu entra tia!"

Mas eles não sabiam que estavam falando com Dona Irene Sargentão. Que entrar, que nada!! Minhas filhas estão dormindo lá dentro!

Ela apontou a mangueira pra eles e começou a gritar. Eles corrreram. Claro! Quer coisa mais aterrorizante do que uma Sra. desvairada, armada com uma mangueira e gritando?! Armada E perigosa! Tome-lhe jato de água gelada na cara pra ver o que é bom! Dona Irene Sargentão. É assim que se faz!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Educação Muito Mais que Especial

Segue aqui, na íntegra o texto que foi pro Jornal Impresso no dia 1 de abril e pro site no dia 5 de abril de 2010.
A Camila conseguiu qua a matéria fosse colocada da forma como já tínhamos visto antes por aqui! Adorei!
Graças a corrente que fizemos no twitter e por e-mail, a matéria alcançou no dia 5 de abril o patamar da "mais visitada" no setor de "Cidades".

Muito obrigada a todos que ajudaram, obrigada à Camila por ter escrito a matéria de forma tão linda, a Adriele por ter me apresentado a Camila e obrigada a Tata, que formatou toda a matéria para mandar por e-mail!! =)



EDUCAÇÃO MUITO MAIS QUE ESPECIAL
Por: Camila Galvez (camila@abcdmaior.com.br)

A luta de uma mãe para obter bolsa de estudos para o filho autista na escola onde ele já está adaptado

A porta branca decorada com mãozinhas coloridas feitas a guache se abre. Lucas Marchesini Milena caminha hesitante, o olhar sem fixar ponto específico. Veste bermuda azul-marinho e camiseta branca do uniforme da escola. Nos pés, em vez de tênis, o jovem de 14 anos usa um sapato tipo crocs de plástico azul. Apesar de não olhar diretamente para mim, Lucas vem em minha direção e senta-se na cadeira de plástico ao lado. Todos na sala começam a rir, e eu acompanho.

- Mas esse Lucas é um danadinho mesmo, ele gostou de você!

Alba Regina Marchesini Milena é mãe de Lucas e está sentada ao meu lado também. Olho para o garoto e logo sai o cumprimento:

- Oi!

Ele, porém, não responde. Sequer direciona o olhar para mim. O comportamento não é falta de educação: Lucas é autista e não fala. Estuda no Núcleo CrerSer, em São Bernardo, especializado em atender crianças, jovens e adultos com déficits intelectuais dos mais variados, entre eles o autismo. Alba e o marido, Eduardo Martiliano Milena, pagam mensalmente R$ 740 pela educação do filho. Apenas Eduardo trabalha, prestando serviços de consultoria.

- Minha profissão é ser mãe do Lucas.

Questões financeiras - Alba e Eduardo estão “apertados” financeiramente, pois o filho também depende de outros tratamentos de saúde, além da educação especializada. O autismo é uma síndrome caracterizada por desvios de comunicação, atenção e imaginação. É mais frequente em meninos do que em meninas, e os primeiros indícios ocorrem antes dos três anos de idade. Os autistas têm dificuldades de interagir com as pessoas, possuem comportamentos estereotipados, obsessão por partes de objetos, inflexibilidade em quebrar rotinas, problemas na dicção, ausência ou pouca expressão facial e podem ser agressivos. (Fonte: http://www.brasilescola.com)

No Estado de São Paulo, há determinação da Justiça, datada dos anos 2000, de que o poder público deve garantir bolsa de estudos e tratamento para autistas. A Secretaria de Estado da Educação tem credenciadas mais de 30 entidades educacionais especializadas, nas quais atende cerca de 350 pessoas com autismo em grau mais elevado. Em São Bernardo há quatro delas.

Alba ficou sabendo da sentença que favorece o filho na escola em que ele estuda. No entanto, tenta há quase um ano garantir o que é seu por direito. É o que ela me conta antes de Lucas vir para a sala em que estamos, a fim de posar para a sessão de fotos que ilustrará a matéria.

- Quando entrei com o pedido na Secretaria de Educação, a resposta veio em torno de 20 dias, já encaminhando o Lucas para uma escola que não tínhamos escolhido. O Estado manda todos os estudantes do ABCD para essa escola.

Alba refere-se à GAPI (Escola de Educação Especial de Ensino Infantil e Fundamental), localizada em São Bernardo.

Questões de adaptação - Mas por que a mãe não quer que Lucas vá para a GAPI? É fácil imaginar: o jovem estuda há mais de um ano na mesma escola. E autistas têm problemas de adaptação. Lucas apresentou alterações recentes quando mudou de casa com a família, e chegou a ter convulsões.

- No começo deste ano letivo, ele também teve dificuldades para se adaptar aos novos professores. Ele ficava agitado, não queria vir para a aula. Mas as professoras daqui têm especialização na área e sabem lidar com esses casos. Agora ele está mais tranquilo.

A questão da adaptação seria realmente um problema? Para tirar a prova, resolvi ligar para a GAPI e marcar uma visita. Quem me recebeu, com um sorriso e cheia de pulseiras, brincos e colares balançantes, foi a diretora clínica da instituição, Gilda Pena de Rezende. As escolas se parecem. Apesar da GAPI ser maior, em ambas há dois professores por sala de aula para cerca de oito alunos, e todos têm especialização na área.

Gilda faz questão de enfatizar seu currículo: é neuropsicóloga e já trabalhou no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Foi pioneira na educação especial em São Bernardo. Diz que o Estado a escolheu pela qualidade da instituição que gere. Pergunto, então, se acha que os autistas teriam dificuldades de adaptação ali. A resposta me surpreende:

- Sim, eles teriam, até porque é uma característica da síndrome. Pais já me procuraram dizendo que adoraram a minha escola, mas que não querem tirar seus filhos, já adaptados, do local onde estudam. Eu digo que tenho certeza de que eles se adaptariam aqui também, mas claro que isso leva tempo.

Alba, profissão mãe do Lucas, não está disposta a isso.

- Quero manter meu filho aqui. Imagina a dificuldade para mudar o Lucas de escola? Vou entrar na Justiça para garantir o direito dele de estudar no lugar que escolhi.

Alba me lembra uma leoa, capaz de fazer tudo por sua cria. Pode parecer clichê, mas é essa a imagem que me vem à mente. Por estar disposta a tudo, é possível que a mãe consiga garantir um direito previsto em determinação judicial, mas não sem muita luta.

A última questão - Lucas assobia. Pega a tinta guache amarela e colore uma borboleta com a ajuda de uma professora. Estala a língua. Mesmo sem se comunicar, está feliz. Para que, então, tirá-lo dali?


Fonte: Jornal ABCD Maior

terça-feira, 30 de março de 2010

O Politicamente Incorreto dos Anos 80.

Crescer nos anos 80 já devia dar a qualquer cidadão uma medalha de honra ao mérito. Se você participou e formou seu caráter nessa época, parabéns por ser uma pessoa normal e sã. Se você tem um parafuso a menos, é desviado de alguma maneira não se preocupe. Alegue insanidade dos anos 80 que tá tudo certo.

Passamos desde o cigarrinho de chocolate Pan, que todos conhecíamos e adorávamos, quer maneira melhor de incutir o vício na vida de uma criança do que imitar o papai e a mamãe fumando? Coisa Linda![1] Até os produtos sem data de validade nas prateleiras, intoxicação alimentar era a coisa mais comum de se ver. E quem não se lembra da época da inflação?! Em que a dona do mercadinho vivia armada com a pistola de alteração de preços, comprava-se por um preço pela manhã e o preço já era outro no final do dia. Coisa linda![2]

Mas não é só dessas barbaridades que eu vim até aqui falar hoje. Com a aproximação da Páscoa me veio à memória uma história familiar regada à morbidez, falta de noção e a alegria contagiante que era a reunião familiar naquela época. Coisa linda![3]

Eram três famílias, a da minha mãe, da irmã e do irmão dela. Quatro contando a Vovó e o Vovô. Um total de 11 netos. Dos quais, hoje em dia, eu só falo com 4, e por coincidência ou não, são todas minhas irmãs... Mas vamos ao que interessa:

Páscoa. Celebração da Ressurreição de Jesus Cristo. Dia de orgia "chocolatíssea" para as 11 crianças em questão. Os adultos se reúnem. O que fazer de prato principal?

Gostaria de ter estado lá nesse dia para poder parabenizar o fanfarrão que teve a ideia genial. Indaguei a minha mãe e ela disse que deve ter partido do meu avô. Já que adorava a iguaria. Estão preparados para saber qual foi o cardápio daquela Páscoa dos anos 80? COELHO! Sim... Você leu bem. COELHO. Na Páscoa. Não precisa nem falar que nenhuma criança comeu, né?! Coisa linda![4]

Mas esperem um pouco. A história não acaba aqui. Me dê mais cinco minutos do seu tempo que eu te convenço da falta de sanidade que imperava nessa época.

Contei para o Edu minha Páscoa Insana nos idos anos 80. Ele respondeu sem demora: "Isso não é nada! Minha mãe cozinhou meu coelho de estimação e o da Rô na Páscoa, só porque eles não paravam de dar cria." Coisa linda![5]

Claro que corri ligar pra sogra pra confirmar a história. Ela com seu bom humor característico respondeu: "Nãããoooo! Não foi assim!" Ufa! Vocês podem pensar, o Edu exagerou na lembrança! Os coelhinhos morreram, na verdade, de causas naturais.

Não. Insanidade dos anos 80, lembram? Ela seguiu sua explicação: "Nós fizemos os coelhos num dia qualquer. Mas eu não tive coragem de comer..." Coisa Linda![6]

quinta-feira, 25 de março de 2010

Frases Desconexas.

Ontem liguei para uma pessoa (não vou revelar quem, vai que ela entra no blog e se reconhece) e ao ouvir minha voz, ela soltou:

"Menina! Você não morre mais! Acabei de falar de você!"

O papo continuou e eu fiquei pensando na frase do início da conversa. E a coisa foi crescendo. Uma revolta se avolumando. Como assim eu não morro mais? Que pretensão! Ela é Deus por um acaso? O Anjo da Morte? Dona do destino?

De onde nasceu essa frase? Por que associar a alegria de ouvir (ou ver) uma pessoa com a morte (0u não) da dita cuja? Será que essa frase é o resultado de um telefone sem-fio gigante, que vem correndo durante os anos? Sabe?! Como a história da batatinha que não esparrama, espalha a rama. Ou do cuspido e escarrado (eca) que na verdade é esculpido e encarnado.

Como seria a frase, lá no começo... "Menina! Você corre demais! Acabei de falar de você!" ou "Menina! Não chove mais! Acabei de falar de você!"... Mistério...

Enquanto ela continuava com a ladainha, eu me imaginava cobrando a promessa. "Menina, você não morre mais!" Ai dela se eu morrer... Volto do além túmulo só pra puxar o pé!

E não diga que eu não avisei!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Vamos fazer um Abril azul em prol do Autismo!


Estava eu, navegando pela net quando encontrei um blog de uma amiga minha virtual. Entrei, me interessei e vi essa campanha que repasso pra vocês agora:

Copiei aqui as palavras dela (tudo bem Simone?!), bora ajudar?!



Texto retirado do blog do Gábi:

Coisas que vc pode fazer para ajudar na conscientização do autismo:

1 - Usar o pin azul com o desenho de uma peça de quebra cabeça durante todo o mês de abril e qdo as pessoas perguntarem explicar sobre o autismo.

2- Mudar as fotos do orkut e perfil no twitter ou facebook com a peça azul do quebra ou com o logo da campanha light it up: Blue e repassar para amigos.

3- Digitar todos os seus emails em AZUL e colocar o logo Light It Up Blue na assinatura durante todo o mês de Abril.

4- No dia 2 de Abril vestir uma peça de roupa azul, camiseta ou calça e pedir pra seus amigos, familiares ou colegas de trabalho pra vestir também e tirar fotos e repassá-las. Se possível colocá-las nas galerias do Flickr, orkut, twitter, facebook.

5- Cozinhar um bolo com o desenho da peça de quebra-cabeça Azul, preferência todo em azul e levar para escola, trabalho e dividir com seus amigos explicando o motivo.

6- Igrejas, Congregações, avisar aos responsáveis para que falem do dia em seus Cultos, Missas e Celebrações, etc.

Existem várias maneiras de participar! O importante é fazermos nossa parte para divulgar o máximo para conscientização e um futuro melhor para os nossos pequeninos!



Amei a iniciativa e estou dentro! E vale lembrar que a matéria que a Camila postou aqui (não sei se dessa mesma forma) sai no Jornal ABCD Maior no dia 2 de abril!!

domingo, 21 de março de 2010

A quinta.

[Instrusa mode on 2] Tinha a intenção de escrever outra coisa quando comecei o post, mas a coisa acabou saindo daquele jeito que vocês leram. Vou para o segundo round ver se consigo fazer o que estava pensando da primeira vez.

Você já deve ter ouvido que filho caçula só tem regalia na família e aquela coisa toda. Isso pode até acontecer quando são duas, três crianças, talvez. Mas digo que ser a mais nova de cinco talebãs é, no mínimo, uma experiência de superação. Acho que vale até uma observação no curriculo.

Obviamente que não tinha voz para nada. Não tinha direito a voto, a veto ou a pronunciamento. Gentes, imaginem uma casa com cinco mulheres gritando (entre elas minha mãe). Quando, nesse circo de estrógeno, alguém olharia para aquela menina magrela, cabeçudinha e com cabelo de tigela? Por isso que me sentia obrigada a me agarrar - literalmente, com braços e pernas - às irmãs e aos cunhados. Me pendurava na perna de um mais azarado e não havia cristo que me tirasse dali. Nessa hora, pelo menos, todo mundo olhava para mim. A voz esganiçada, de taquara rachada, também ajudou a marcar presença. Habilidades desenvolvidas em tempo de guerra.

Aprendi desde cedo o que era dividir. Um armário, duas cômodas, duas beliches e uma cama. Esse era o quarto das meninas. Cada uma tinha uma gaveta, um espaço para sapatos e material escolar. Tudo milimetricamente calculado. Eu, a mais nova, sempre ficava com menor. Roupas menores, menos coisas para guardar. Nem ligava.

Sobremesa? Tudo dividido. Não havia nada na casa que não fosse repartido, pra ninguem ficar sem. Lembro da Ana, sempre a encarregada dessas coisas, separando a caixa de bombom em cinco fileirinhas. Os primeiros da fila eram os chocolates mais gostosos. O último era sempre aquele que, em casas com menos crianças, ficava na caixa até mofar. Mas no número 36 da Rua Urupema nenhum doce era desperdiçado. Mas não era mesmo. Era uma pindaíba pra lá de divertida.

E ir para a praia com essa família Buscapé? Na Brasilia? O carro sempre quebrava na estrada, era só pegar a serra para isso acontecer. Mas o papis era precavido: a solução era jogar um pouco de Seba Bálsamo em alguma parte do motor que não sei até hoje. Isso mesmo, minha gente: Seda Bálsamo, o xampú. Convenhamos que, se ele conseguia limpar o cabelo corte selvagem que a Guiga e a Ana tinham nos idos dos anos 80, consertar motor era o de menos! E a Alba, com aquele cabelo liso maravilhoso, não conseguia se conformar que o modelo permanente não vingava nela. Bons tempos.

Eu e a Áurea nos estranhavamos. Havia roubado o trono de filha mais nova dela. Foi me perdoar pelo mal anos depois. Acho que até já dirigia nessa época...

E quando chegou a época que achava que todos da minha família iriam morrer se saíssem de casa sem mim? Minha mãe ia trabalhar, minhas irmãs para a escola, meu pai ia para a oficina... e eu preocupada, chorando, não me conformando com a vida sem a família. Lembro até hoje um dia que a Guiga chegou em casa e eu fui correndo para recebê-la no portão:  "Ai, Guiga, ainda bem que você não morreu!". Já era neurótica na tenra infância.

E o tempo foi passando. Hoje, tenho poder de pronunciamento na familia - e isso, sem precisar me agarrar às pernas de ninguém. Mas voto e veto, jamais. Isso cabe à Elite das Três (#piadainterna) e não ouso derrubar o equilíbrio divino do universo. Se já deu tudo certo com a deliberação delas, para que querer fazer graça?

Hoje, todas as gavetas do quarto são minhas. Dá um vazio às vezes. Mas quando chega a tropa toda pra almoçar no domingo, com todos os maridos e filhos, vejo que não tem motivo para sentir isso. Está todo mundo lá.

O menino cresceu.

[Intrusa mode on] Oi, ceres omanos que leem a minha estimada irmã e seu dia a dia de senhoura do lar. Sou Adriele, a caçula (aquela da fota com as cinco, a de vestidro rosa florido) das cinco. Apresentações feitas, vamos ao que interessa. Já que fui convidada para colaborar neste humilde espaço, mãos à obra.

Lembro-me como se fosse hoje quando fiquei sabendo que a Alba estava grávida. Lá estava eu, no alto dos meus nove anos, quando ela chegou do trabalho para almoçar. Naquela época ela era vendedora no shopping Golden, em SBC, e morava pertinho do trabalho. Vinha todo dia a pé.

Estavámos apenas eu e minha mamis em casa. Ela chegou com uma cara de coxinha sem óleo. Fui mandada para a sala, que ficava ao lado da cozinha. Porta fechada, assunto sério. Ouvi ela falando algo para minha mãe. Minutos depois, as duas chorando. Espertinha que era, me toquei na hora.

Não vou dizer que não fui um susto saber que minha irmã de 17 anos seria mãe. Mas depois fiz as contas: quando o bebê nascesse, já teria 18. Ela já era velha então. Pra que o drama?

A chegada do Lucas foi a maior alegria da minha vida até então (agora tenho mais três grandes alegrias, com a quarta chegando). Impossível falar desse menino lindo e não me emocionar. Era meu melhor amigo do dia a dia: tomavamos banho na banheira por três horas todas as tardes, com a titia responsável ensinando o menino a enfiar a cabeça na agua sem tapar o nariz. Corriamos de um lado para o outro. Era Adiéle pra cá, Luquinha´pra lá, uma coisa linda de Deus. Era uma tia-criança que ficava revoltada quando a Ana dizia que eu não podia carregar o título porque não tinha idade. "Você só pode ser tia depois dos 12. Agora, é prima". Chorava e chorava com a brincadeira, achando que os 12 anos jamais chegariam.

Pois não é que eles chegaram e passaram? Quêcoisa!

No aniversário de 14 anos dele quase não acreditei. Estava andando com ele na quadra que fica ao lado do salão de festas no prédio da Alba. Só nós dois lá. Ele passou o braço por cima do meu ombro, como quem diz: "tia, agora quem te protege sou eu". Deitei a cabeça em seu ombro e saimos andando, com toda a calma do mundo que um Lucas consegue ter. Ombro laargo, pé gigante (42!!), mão enorme. O menino cresceu. E eu não. Mundo injusto!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Educação mais que especial

Como prometi, cá estou eu para postar o texto que escrevi sobre o Lucas. Para quem não me conhece, sou amiga da Adriele, irmã da Alba, e jornalista também.

O texto abaixo foi escrito e (talvez) seja publicado assim pelo jornal no qual trabalho, mas isso será bem difícil de acontecer. Provavelmente o texto ficará bem diferente, mas de qualquer maneira estará aqui para quem quiser ler. Obrigada pelo espaço, Alba! Está um pouco diferente do que você leu, mas acho que ficou mais completo.

Educação mais que especial

A história de uma mãe que luta pelo direito de ter uma bolsa de estudos bancada pelo Estado na escola em que escolheu para o filho autista

Camila Galvez

A porta branca decorada com mãozinhas coloridas de criança feitas a guache se abre. Lucas Marchesini Milena caminha de maneira hesitante, o olhar sem fixar nenhum ponto específico. Veste bermuda azul marinho e a camiseta branca do uniforme da escola, devidamente identificado, assim como os demais estudantes. Nos pés, ao invés do tênis, opção feita pela maioria das mães ao enviar os pimpolhos para a escola, o jovem de 14 anos usa um sapato tipo crocs de plástico azul. Os pés são grandes para o tamanho do menino, característica que costuma ser comum nessa idade.

Apesar de não olhar diretamente para mim, Lucas vem em minha direção e senta-se na cadeira de plástico ao meu lado. Todos na sala começam a rir, e eu acompanho o sorriso.

- Mas esse Lucas é um danadinho mesmo, ele gostou de você!

Alba Regina Marchesini Milena é mãe de Lucas e está sentada ao meu lado também, à direita, enquanto o filho ocupa a cadeira da esquerda. Olho para o garoto e logo sai de meus lábios o cumprimento, o primeiro indício da vontade de estabelecer a comunicação entre dois humanos:

- Oi!

Ele, porém, não responde. Sequer desvia os olhos para mim. O comportamento não é falta de educação: Lucas é autista e não fala. Estuda no Núcleo CrerSer, em São Bernardo, especializado em atender crianças, jovens e adultos com déficits intelectuais dos mais variados, entre eles o autismo. Alba e o marido, Eduardo Martiliano Milena, pagam mensalmente R$ 740 pela educação do filho. Apenas Eduardo trabalha, prestando serviços de consultoria.

- Minha profissão é ser mãe do Lucas.

Questões financeiras

Alba e Eduardo estão “apertados” financeiramente, pois o filho também depende de outros tipos de tratamento de saúde, além da educação especializada. O autismo é uma síndrome caracterizada por desvios de comunicação, atenção e imaginação, o que gera problemas comportamentais. É mais frequente em meninos, como Lucas, do que em meninas, e os primeiros indícios ocorrem, geralmente, antes dos três anos de idade, como foi com Lucas também. Os autistas têm dificuldades de interagir com as pessoas, inclusive de maneira não verbal, possuem comportamentos esteriotipados, obsessão por partes de objetos, inflexibilidade em quebrar rotinas, problemas na dicção, risos em situações inapropriadas ou inesperadas, ausência ou pouca expressão facial e possibilidade de ser agressivos consigo ou com outras pessoas. (Fonte: http://www.brasilescola.com)

No Estado de São Paulo, há determinação da Justiça, datada dos anos 2000, de que o poder público deve garantir bolsa de estudos e tratamento para crianças autistas, visto que elas não podem ser absorvidas pela rede pública estadual e requerem atendimento especializado, tanto educacional como de saúde. A Secretaria de Estado da Educação tem mais de 30 entidades educacionais especializadas no atendimento a autistas, sendo que só em São Bernardo são quatro instituições credenciadas para esse atendimento. Em todo o Estado mais de seis mil crianças com autismo leve são atendidas nas escolas da rede estadual e aproximadamente 350 com autismo em grau mais elevado recebem atendimento em uma das instituições credenciadas.

Alba ficou sabendo da sentença que favorece seu filho por intermédio da escola na qual ele estuda. No entanto, tenta há quase um ano garantir o que é seu por direito, mas não teve resultados positivos até agora. É o que ela me conta antes de Lucas vir para a sala em que estamos a fim de posar para a sessão de fotos que ilustrará a matéria.

- Logo que entrei com o pedido na Secretaria de Educação, a resposta veio super rápido, em torno de 20 dias, já encaminhando o Lucas para uma escola que não tínhamos escolhido. Na verdade, o Estado manda todos os estudantes do ABCD para essa escola.

Alba refere-se à GAPI (Escola de Educação Especial de Ensino Infantil e Fundamental), também localizada em São Bernardo. O Estado afirma que ele é quem deve fazer a escolha pela instituição. Questionei os critérios, mas a resposta foi técnica: “o credenciamento da instituição se faz por critérios técnicos levantados pelo Centro de Apoio Pedagógico e pelas respectivas Diretorias de Ensino”, dizia a nota. Também questionei se a CrerSer era uma das escolas conveniadas, mas nada veio sobre isso no e-mail que me foi enviado.

Questões de adaptação
Mas por que a mãe não quer que Lucas vá para a GAPI? É fácil imaginar: o jovem estuda há mais de um ano na mesma escola. Autistas têm problemas de adaptação. Lucas apresentou alterações recentes quando mudou de casa com a família, e chegou até mesmo a ter convulsões. Trocá-lo de escola significaria sofrimento para ele e para os pais.

- No começo deste ano letivo ele também teve dificuldades para se adaptar aos novos professores aqui no CrerSer. Ele ficava agitado, não queria vir para a aula. Mas as professoras daqui tem especialização na área e sabem lidar com esses casos. Agora ele está mais tranquilo.

A questão da adaptação seria realmente um problema? Para tirar a prova, resolvi ligar para a GAPI e marcar uma visita. Quem me recebeu, com um sorriso nos lábios e cheia de pulseiras, brincos e colares balançantes, foi a diretora clínica da instituição, Gilda Pena de Rezende. No geral, as escolas se parecem: são organizadas, há dois professores por sala de aula para cerca de oito alunos, e todos têm especialização na área.

Gilda, no entanto, é um caso a parte e faz questão de enfatizar seu currículo: é neuropsicóloga e já trabalhou no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Foi pioneira na educação especial em São Bernardo. Diz que o Estado a escolheu por causa da qualidade da instituição que ela gere, que tem mais de 20 anos no mercado. A pulseira balança em seu pulso, faz barulho e me chama a atenção. Pergunto, então, se ela acha que os autistas teriam dificuldades de se adaptar ali. Em minha mente, ela responderia que não, que os profissionais poderiam lidar bem com isso e coisas desse tipo, e por isso a resposta me surpreende:

- Sim, eles teriam, até porque é uma característica da síndrome. Pais já me procuraram dizendo que adoraram a minha escola, mas que não querem tirar seus filhos, já adaptados, do local onde estudam. Eu digo que tenho certeza de que eles se adaptariam aqui também, mas claro que isso leva tempo, e alguns pais não estão dispostos a passar novamente por todo o transtorno de mudar o filho de escola.

É esse sofrimento que Alba, profissão mãe do Lucas, quer evitar.

- Me sinto revoltada, porque quero manter meu filho aqui e tenho esse direito. Imagina a dificuldade para mudar o Lucas de escola?

O tom de voz que Alba usa para falar sobre o assunto deixa claro seu instinto protetor em relação ao filho. A mãe sabe que ele precisa de cuidados especiais. Quando visitamos a sala de aula de Lucas, seus olhos brilham de orgulho.

- Ele se parece comigo, você vai reconhecer facinho!

Realmente Lucas tem os traços da mãe. Alba tem luzes no cabelo, mas é possível enxergar, por debaixo das mechas loiras, a mesma cor dos fios do menino. Os olhos também são parecidos, e até mesmo o formato dos rostos se confunde.

Lucas está entretido fazendo um desenho. Alba diz que o filho gosta de fotos, mas o menino fica um pouco retraído com a presença da fotógrafa que me acompanha. Por isso ela pede que ele vá até a sala na qual conversávamos antes. É lá que Lucas se senta ao meu lado e observa, à sua maneira, a continuidade de nossa conversa, já com gravadores desligados.

- Vou entrar na Justiça. Quero garantir o direito do meu filho de estudar no lugar que escolhi.
Alba me lembra uma leoa, capaz de fazer tudo por sua cria. Por mais que isso possa parecer clichê, é essa a imagem que vem a minha mente. Por estar disposta a tudo, é possível que a mãe consiga garantir um direito previsto em determinação judicial, mas não sem muita luta, como é de (mau) costume em terras tupiniquins.

A última questão
Lucas assobia. Pega a tinta guache amarela e colore uma borboleta com a ajuda de uma professora. Estala a língua. Está mais a vontade com as fotos. Mesmo sem se comunicar, está feliz onde está. Para quê, então, tirá-lo dali?

segunda-feira, 15 de março de 2010

95 dias muito bem aproveitados.

Passamos várias horas, dias, meses (sim meses, já tive a pachorra de contar...) de nossas vidas sentados em cadeiras de consultórios de terapias, à espera do Lucas. Façam as contas: são 4 horas (aproximadas) de terapia que ele faz por semana desde os 3 anos de idade. Hoje ele está com 14 anos, ou seja, são 11 anos de terapia - tá me acompanhando? Então darei seguimento:
São 95 dias de Cadeira!! Já imaginou? E olha que são cadeiras das mais variadas! Cadeiras duras; cadeiras que machucam o calcanhar; sofás confortáveis; bancos baixos; bancos altos... Olha. Já me sentei, bordei, li, ri, conversei, tive crise de pânico (ôpa!) em tudo quanto é tipo de assento!

Várias pessoas já me acompanharam nessas salas de consultórios! Na primeira consulta, quem me acompanhou e segurou minha mão foi a Guiga. Primeiro contato com uma psicóloga para falar do filho possivelmente autista não é fácil. E foi ela que esteve ao meu lado. Perguntando quando me faltavam palavras. Me apoiando na decisão e na escolha.

No início das consultas foi a minha mãe. Não reclamava; cobrava e perguntava. Era minha voz quando eu ainda não a tinha. Até o dia em que criei vergonha na cara (já falei sobre isso) e tirei minha carta. Durante uns 3 anos minha companheira foi a Adriele, eita anos divertidos! Cantando Teddy o polvo, acelerando na Dom Pedro I com o carro salsinha após uma chuva de granizo (#piadainterna ). Entremeada nesses anos estava a Aurinha. Não ia tanto, mas ia! Tinha uma paga pra sua companhia. Eu chegava e vinha a frase: "Trouxe pão?!" Ao que eu respondia: "Sim! Bora acordar e sair?!" Seu sorriso era certeiro e a companhia maravilhosa! Mas elas cresceram, criaram asas... Voaram para longe de mim. E fiquei sozinha nas cadeiras por um tempo.

Até que o Edu foi trabalhar em Americana (meses sombrios, de muito choro, filmes na madrugada e saudades... saudades... semanas infinitas).
Aí meus companheiros na terapia eram a Ana, o e meu afilhado, o Guigui. Que delícia! Guigui começando a andar, Guigui começando a falar, Guigui chorando na ida e na volta... Mas ganhando o coração de todo mundo que passava por nós. E que disposição! De um cunhado que se recusava a fazer horas extras nas quintas-feiras, pra ficar disponível e nos acompanhar. E olha que não eram só flores!! Bateram no carro dele dentro da estacionamento e ele nunca, NUNCA me xingou. Me acompanhou na outra semana com o mesmo bom humor de antes. E disposição de uma irmã que sabe ser A Irmã mais Velha! Doação define! Precisa? Ela tá lá!!

Mas chegamos ao ponto. Me desculpem todos aqueles que já me acompanharam nessas tantas cadeiras/bancos/sofás. Ele voltou de Americana! E voltou disposto a não perder essas horas ao nosso lado. Disposto a não perder essas horas/dias/meses ao meu lado, sentados nesses assentos. E que companhia! Já abrimos figurinhas da copa, tomamos café, comemos salgados, rimos, NÃO tivemos crises de pânico, conversamos, namoramos, trocamos confidências. E vimos nosso menino crescer, florescer. Se tornar esse adolescente lindo que é hoje.

Foram, aproximadamente, 95 dias, até hoje. E, pra quem acha que acompanhar um filho/sobrinho/neto até a terapia é um tempo jogado fora, dê uma boa lida no texto aí em cima e veja como uma companhia pode marcar uma vida.

Tá, tá... Vou tentar ser mais divertida na próxima vez. Ando meio sentimental. Me entendam. E lá vai mais uma dele, bem no alvo! Buscando seu amor:

sexta-feira, 12 de março de 2010

Gaguejando

Tenho um sério problema pra me expressar. Quem já falou comigo sabe. Fico nervosa ou ansiosa e já gaguejo, troco letras. Tenho impressão que minha boca não acompanha meu cérebro. Ele tá pensando lá na frente e a lerda tá falando lá atrás. #aícomprica

Uma clássica aconteceu na porta da empresa em que o Edu trabalhava. Estava armando uma chuva daquelas, uma amiga dele saiu e veio falar comigo. Após os "ois", ela comentou da chuva que estava prestes a cair. Aí soltei a pérola:

É! É melhor ir embora antes que Tchôve...

A garota se afastou de mim falando, enquanto ria: "Antes que tchôve..."

Outra foi com o chefe do Edu na época, ao me abordar e perguntar se estava tudo bem comigo, meu cérebro pediu pra eu falar "Jóia" minha boca queria "Bem" resultado:

"Oi! Tudo Jem!"

#Aícomprica mesmooo!!

sábado, 6 de março de 2010

Aniversário do Lucas!!

Hoje meu menino faz 14 anos! Uma mescla de alegria e a sensação de dever cumprido toma conta de mim, numa data dessa!
Há quatorze anos atrás uma meninota de 18 anos e um rapazote de 20 encaravam a responsabilidade de criar um filho. Encararam de frente. Confiantes no amor que os unia. Mas indiferentes aos percalços que encontrariam nessa caminhada.
Aos 3 anos da criança veio o susto e a percepção de que algo não ia bem. Aos 4 anos o maior susto de todos! Quem já viu uma crise convulsiva sabe do que estou falando...

Alegrias, tristezas, superação. Principalmente superação. De um menino que foi desacreditado por uma série de profissionais. Mas também apoiado por uma série de outros e tenho a alegria de dizer que o número de apoio superou em muito os do que desacreditavam.
Quem conhece a figura sabe. Amoroso, feliz, tá... Meio chato de vez em quando. Mas não vi, até hoje, uma pessoa ficar imune aos seus encantos!

Parabéns filho! Te amo assim: incondicionalmente! Com suas qualidades, defeitos... Amo o pacote completo!


sexta-feira, 5 de março de 2010

Quando se depara com o Preconceito.

Esse post já foi escrito e reescrito bem umas quatro vezes...


Pra mim, é muito complicado escrever sobre isso e eu tenho que remoer muito o assunto antes de conseguir colocá-lo assim, preto no branco.

O Lucas vai ter que passar esse ano por dois procedimentos, não quero expô-lo aqui e explicar os pormenores das cirurgias... Quem conhece a gente sabe do que eu tô falando.


Uma delas é estética. Puramente estética. Mas é uma coisa que incomodaria qualquer outro menino na idade dele. Sem sombra de dúvidas.


Pois bem, vamos aos fatos.


Na quarta-feira fui à endocrino dele, com o resultado dos exames, já esperando a liberação para as cirurgias.


Qual não foi meu espanto com a resposta da dita cuja:


"Mas por que fazer a cirurgia? Ele não entende! Não está atingindo o psíquico dele. Se fosse uma criança que estivesse incomodada com isso..."


Olha... Fervi! E quem me conhece sabe que quando eu fervo eu fico toda manchada de vermelho. Pois naquele momento eu me transformei no Hellboy.



Entendam que há situações em que eu sou extremamente passiva (como já disse aqui antes), mas quando mexem com meu menino... Ah... Não faça isso! Confusão na certa! Me desce a Rosana/Guiga (vocês não conhecem as peças...) e saiam de baixo.

Falei pra médica se ela tinha consciência da dificuldade que a gente passava, com todo mundo olhando esse jeitinho meio esquisitão que o Lucas tem, que não era porque ele aparentemente não entendia as coisas, que não sentiria as pessoas apontando e rindo dele. Que mesmo sendo um procedimento estético ele ia SIM realizá-lo. Ora... Se eu pensasse assim, deixaria o Lucas mal arrumado, afinal pra que comprar roupas novas? Deixaria o Lucas com o cabelo mal cortado, afinal, ele não se importaria com os cabelos longos ou curtos...

Nesse momento passei de mãezinha para Alba. A Dra. arregalou os olhos e tentou se explicar, me pedindo até julho pra ver se ela resolvia o problema sem a intervenção. Saí de lá dizendo que ia conversar com a cirurgiã e o neuro e ouvir a opinião DELES.

Não existe nada mais sem preconceito do que o preconceito. Ele atinge tudo e todos, basta estar aberto para ele...

Nossa obrigação é lutar contra. E se mexerem com meu menino, eu vou estar sempre na linha de frente, pronta para a batalha.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Recebendo block!

Pra quem me segue no twitter sabe, que além de "mãe e leitora em tempo integral", sou também uma aficionada por BBB. Assisti todos. Sem exceção. Do 1 ao 9. E agora, estou me deleitando com o 10. Com o plus de poder comentar em tempo real pelo twitter.

Estava eu ontem conversando com @juiceB0xx sobre os meandros desse jogo fascinante e fiz o seguinte comentário quando ela falou, indignada, que não era justo Michel ter sido desclassificado:


@juiceb0xx E encheu mesmo. Só que quem manda é o @boninho e ele não queria o Michel de lider. Única regra do bbb: @boninho q manda! #aloka

Pois bem. Fui dormir e hoje fiquei fora o dia inteiro. E qual não foi minha surpresa ao voltar pra casa e ver que o @boninho tinha me bloqueado no twitter! Sim! Euzinha! Uma mera espectadora aqui de Santo André. Achei lindo!

Imaginei @boninho na madrugada colocando sua leitura de mensagens do twitter em dia. Clica em "menções de @boninho". Fica indignado e é tomado por um ódio fervoroso, desses que corroem a alma, ao ver meu simplório comentário. Entra na minha página. Se encanta com minhas borboletas mas mesmo assim, revoltado pelo despeito da audaciosa filombeta (euzinha!), me dá um block. (L)

Tem como não amar?! Uma pessoa que se dá ao trabalho de ler e se revoltar com cada frase que é dita sobre ela num microblog, só merece meu respeito. Amei. De verdade.

Me sinto afortunada. Mas fica aqui meu parecer num momento #lia "@boninnho! OLHANOMEUOLHO! Quem ama bloqueia! Logo... (L)"

Pra não falarem que eu tô de brincadeira:


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Nalva, muito prazer!

Seguindo o assunto de nomes, me lembrei quando fui chamada de Nalva por um ano inteiro. Já perceberam que minha mãe não colaborou muito com a escolha de nossos nomes - só ficaram a salvo Adriele e Ana - e me chamar Alba sempre foi uma provação.

Na adolescência titubeava ao me apresentar para os garotos. Lembro muito bem quando o Edu (meu marido) veio com os colegas até o portão da casa da minha amiga Luciana para nos conhecer. Perguntaram meu nome. Respondi. Retrucaram: "Nããããoooo, a gente quer saber seu nomeeee, não seu sobrenomeeee!" Retruquei já meio irritada: "É meu nome! Não do meu cachorro!"

Penso que meu nome cairá como uma luva quando tiver meus 65 anos e for Avó! "Vó Albaaaa!! Lê uma história pra mim!" VóAlba tem uma cadência perfeita! Combina demais! Fui agraciada com o nome perfeito pra quando for mais velha. Mas hoje (e principalmente na adolescência) esse nome não ajuda. As confusões que já foram feitas... Apelidos dados... Era muito magra, virava Talbua! Muito branca: Alma, Alva... e por aí ia.

Minha maior frustração foi com uma mãe de porta de escola. A gente se conhecia da sala de espera da psicóloga. Mas nesses lugares a gente não tem nome. Vira mãe de fulano, mãe de sicrano. Até que nossos filhos foram pra mesma escola. Aí nos encontrávamos todo dia. Era obrigação saber o nome. E ela não sabia o meu. Foi por adivinhação.

Virei Nalva. E não tinha coragem de negar. Ela chamava "Nalva" e eu respondia. Fervendo de raiva e me perguntando: "Como essa pessoa conseguiu piorar o que já era ruim?!"

Planos foram feitos e colocados em prática. Rosi (outra mãe) que conhecia minha dor e minha irmã Adriele, me chamavam de Alba toda hora, pra ver se a pessoa se tocava. Ela falava Nalva mais alto ainda. Como se fosse ela que tivesse a obrigação de corrigir minha irmã e minha amiga. Seus "Nalvas" soavam como: "Gentemmm... Acertem o nome dela, por favor! Que Alba o quê! É Nalva!"

O Nalva foi-se assim como veio. E até hoje eu não sei quando a pessoa se tocou que esse não era o meu nome. Hoje a encontro e sou Alba. Mas quando se deu minha mudança de indentidade até hoje, pra mim, é um mistério.

Irmãs

Crescer sendo a terceira filha de uma ninhada (sim, digo ninhada! Não tem termo melhor para nós) de cinco, todas mulheres, com uma diferença de doze anos e meio da mais nova pra mais velha é qualquer coisa...

Infância só curtição! Passatempo favorito da Guiga (a segunda) era criar intrigas com a Ana (a mais velha) contra mim ou comigo contra a Ana. Nós sempre caíamos nas teias da Guiga... Nunca nos voltamos as duas contra ela.


Bonecas que sempre ficavam guardadas intocadas pela Ana e que na primeira oportunidade eram sequestradas devido a um plano mirabolante da Guiga, com minha participação.


Enterro de bonecas com direito à velas e tudo no dia de Finados. Impulsionadas por algo inexplicável. Ao anúncio da Mãe: "Meninas! Parem de brincar com isso! Hoje é finados!" Correria e gritos, mesmo sem saber o que significava "finados". Hoje a gente sabe, mas o porquê daquela brincadeira naquele dia, até hoje é um mistério.


Nascimento da Áurea (a quarta) envolto na certeza do primeiro menino. João Henrique não veio. Mas nasceu um moleque! Áurea era impossível! Acabou com a cortiça da parede. Fugia na volta da escola. Me vigiava pra ver com quem eu estava namorando. Um terror.


No susto veio a Adriele (a quinta). Mais uma vez a torcida era por um menino. Dessa vez o nome seria Átila ou Artur. Seguindo o costume de nossas iniciais (depois coloco nossos nomes inteiros) que a Áurea teria quebrado se fosse menino. A Ana passou a gravidez inteira da mãe com bico. Lembro muito bem de suas palavras ao voltar da visita na maternidade, já que ela era a única que tinha idade para visitar: "Parece um buldogue!"


Lembro do Pai chegando da maternidade, eufórico ás quatro da manhã e anunciando: "Outra menina!". Já era praxe!


Adolescência conturbada. Brigas. Birras. Irritação. Imaginem passar por esse período com quatro irmãs no mesmo quarto que você.


Mas agora vem o melhor de tudo! Todas adultas! Todas cúmplices! A gente se basta! Precisa de algo? Corre pra uma irmã! Isso não nos falta! Finais de semana todas juntas e rindo e curtindo os filhos, sobrinhos, maridos... Imaginem crescer e descobrir nas irmãs as melhores amigas que qualquer pessoa pode desejar! Somos assim! Pau pra toda obra! Tomamos uma a dor da outra, rimos das mesmas coisas, nos divertimos com as mesmas piadas, sofremos as mesmas tristezas. O que era um tormento hoje se tornou uma Bênção. Não sei o que faria sem elas!


Foto das cinco no Natal de 2009:

Da esquerda para a direita: Ana Roberta, Adriele Rosana, Alba Regina (euzinha!), Áurea Raquel e Agnes Renata. Sim! São nossos nomes de verdade! Não!! Não de brincadeira! Máquecoisa!!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ida ao Mercado.

Às vezes uma simples ida ao mercado pra comprar meia dúzia de pertences para o jantar, pode tirar a paciência de qualquer cristão! Já explico:



Começou no açougue do mercado, pedi um kilo, o rapaz colocou 1kg e 200g e ficou me olhando, como a me desafiar a reclamar dos 200 gramas a mais. Claro que não reclamei. Peguei e saí.



Na fila do caixa, escolhi uma com duas pessoas na minha frente, cada uma com umas 6 ou 7 coisas pra passar. Mas não resisto. Sempre, SEMPRE fico de olho na fila do caixa ao lado, achando que fiz um mau negócio. Que era lá que devia estar.



Claro que troquei de caixa! Pra descobrir que a caixa anterior era rápida e experiente e a minha atual estava em treinamento. Toda hora errava. Eu mereço!



Quando finalmente chegou a minha vez, parou um casal atrás de mim e a mulher se achou no direito de ficar CHEIRANDO O MEU CANGOTE enquanto eu passava as minhas coisas. E, como se não fosse o bastante, resolveu ESPIRRAR em cima das minhas coisas! E eu pra variar, não falei nada!



Tô com um ódio! Mas não é nem do povo folgado, não! É de mim! Preciso urgente tomar uma dose de cara-de-pau de Rosana/Guiga e falar o que me der na telha. Nem ligando se vou ou não vou ofender uma dessas pessoas! Saco! Tô me sentindo assim, ó:



Sabe esses cachorrinhos que latem, latem... Mas ninguém tem medo?! Pois é... Eu!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Lendo e Relendo

Estava dando uma olhada na Comunidade do Lucas no orkut (O quêêê?? Você entra aqui, lê sobre ele e ainda não faz parte da comunidade? Como assim? Corre lá pra não apanhar!!), quando vi um post que fiz pra ele no aniversário de 10 anos , vou colar aqui pra vocês verem:


Feliz Aniversário!!


Hoje eu tava te olhando e lembrei da primeira vez que te vi... Não a primeira vai... Eu tava muito grogue naquela hora... A segunda! Quando você chegou no quarto do hospital todo de azul com o topete penteado de lado e um olho que não abria direito porque tava todo irritado...
Foi engraçado olhar pra você e ver um pouco de mim e do seu pai, assim, todo misturado numa pessoa.
Hoje você está fazendo 10 anos! Nossa!!! Eu lembro de cada detalhe daquele primeiro momento que até parece que foi ontem.
Parabéns Filho!! Você é tudo o que a gente esperava e mais um pouco!!
TE AMO!!!!!!!!!!!

FELIZ ANIVERSÁRIO!

Lindo né?! E já estamos perto do aniversário de 14 anos!! E agora eu pergunto: Como vou fazer pra superar esse texto aí de cima?? rsrsrs Me aguardem! #solinda
Nova foto pra... Ah! Vocês já sabem!! Quero dominar o mundo e essas coisas todas:

Implicância de Crianças

Quando me vi grávida aos 18 anos, nasceram junto com essa gravidez, duas tias que não tinham nem idade pra depilar as pernas, imaginem então maturidade para ter responsabilidades e conversas maduras que o peso da palavra "tia" traz consigo.

Luciana (irmã do Edu) na época tinha 10 e Adriele (minha irmã) tinha 9.

Em meio a toda a euforia da chegada do novo neném, elas disputavam por tudo. Qual vai ser mais amada? A Alba e o Edu vão morar aqui! (Frase da Lu) Mas a Alba vai ficar mais aqui! (réplica da Dri). E por aí ia. Confesso! Era um inferno!

O auge das implicâncias e intriguinhas veio na escolha do nome do Lucas. Quando foi anunciado que era um menino e que se chamaria Lucas, Luciana deu a cartada final.

_ Ele terá minhas iniciais!! LUMARMIL! Ganhei!

Não entendeu? Já explico:

Luciana Martiliano Milena.

Lucas Marchesini Milena.

Pronto! Fim da discussão!

As duas birrentas hoje estão com 24 e 23. A Lu é formada em Química, tá terminando o Mestrado e é Supervisora de um Laboratório de uma Universidade. A Dri é formada jornalista e é editora de uma revista e um site de economia. (tá certo assim Dri?!)

Legal pra quem discutia por nome e atenção, né?! Orgulho Define!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Coisas que nos divertem.

Hoje fomos logo cedo levar o Lucas para a psicóloga em São Caetano. Confesso que é uma das minhas terapias preferidas da semana. Edu vai com a gente! Amooo!

Na volta, paramos no farol da Rua Rio de Janeiro e ficamos observando uma senhora manobrar seu carro para entrar numa vaga extremamente fácil. A senhorinha virava a direção pra lá, virava pra cá, dava ré. O tiozinho do estacionamento procurava orientar sem perder a paciência.

Quando a mulher estava quase entrando (digo quase porque não vi o final, vai que ela está lá, sem conseguir entrar na vaga até agora...!), passa um senhorzinho com um monte de papel na mão, vira pro nosso carro e fala:

"Eu tendo o maior trabalho pra renovar a carta, e uma motorista dessas na rua!"

Tem como não rir?! Pessoa mais espontânea! Sem-noção, mas espontânea!!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Menininho Antissocial.

Levo o Lucas em terapias desde os 2 anos de idade. No início, quando eu ainda não dirigia (sim... tenho vergonha de admitir isso!) minha mãe que ia comigo.


Enfim criei vergonha na cara e tirei minha carta. Minha companheira de aventuras motorísticas nessa época era a Dri (a mesma do blog pondo ordem na casa). E como nos divertíamos! Tardes pela Av. Goiás e Dom Pedro II inesquecíveis!! Rir era nosso passatempo, na época ela tinha 13, eu já estava com 23, mas me sentia com 10, então tava tudo em casa!!


Mas vamos ao ponto, chega de nostalgia.


Certa vez, estávamos saindo da clínica da psicóloga do Lucas quando encontramos uma mãe, que já era nossa amiga, entrando com o filho que se tratava lá. Nesse dia ela vinha acompanhada da filha mais velha.


Eis que paro pra conversar com a mãe e a filha tenta se aproximar do Lucas. O Lucas se encontrava no auge do "não chegue perto de mim", muito comum em autistas. Aí a garota me lança a pérola:


"Que menininho antissocial!!"


HELLOOOOO!! Ele é autistaaaa!! Antissocial Defineeee!! Ou você pensa que ele está em tratamento porque eu gosto de vir passear por aqui?!


Tá... Não falei nada disso. Só olhei pra menina horrorizada. E a Dri ficou com uma cara de "cêcheroucocôminina?"


Rimos disso até hoje!


Lucas de novo! Tenho um plano, perceberam?! Amor na certa!!

Coisas que só um Lucas faz pra você!

Imagina a cena. Renner. Sábado. Lotadaaaa! Lucas com 2 anos. Pedindo colo. Eu ignorando. Lucas baixa minha tomara-que-caia. Alba pelada no meio da Renner. Simples assim!


Foto do Lucas com oito anos pra vocês se apaixonarem:


Outra que só com o Lucas, mesmo:


Edu e Lucas no área de diversões de um shopping, (não vou falar qual... Vai que a pessoa entra no blog e lembra da história...) Lucas (então com quatro anos) no colo do Edu, só olhando o povo passar.


E passa um careca. Carequinha com a cabeça lustrosa! Lucas não pensa duas vezes. Tasca um tapão. Edu finge que não é com ele e sai de fininho. Coisas que só um Lucas faz pra você!


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Nova cirurgia

Acabamos de voltar da Cirurgiã Pediátrica do Lucas. Nova cirurgia esse ano. Vou falar uma coisa procês, viu?! Já deu.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Bem-vindo!

Tenho um sério problema com erros de português em textos, propagandas e até mesmo em conversas informais... Sou chata, sim! Talvez isso se deva ao fato de ser filha de uma professora de português ou ao fato de ser irmã da Ana... (não necessariamente nessa ordem.)

A saga do bem-vindo teve início no quadrinho de porta de maternidade que a Guiga fez com a chegada do Rodrigo. Após um embate na fotótica - em que a Guiga batia o pé que o certo era com o hífen - nunca mais me esqueci dessa regrinha, e a partir daí a falta do maldito hífen sempre me incomodou. Esse aqui ó:














Lindo, né?!

Pois bem. Hoje minha irritação se deve aos tapetes de porta de apartamento/casa/bangalô/sejaláoqueovalha. Saiu o Welcome e veio o BEM VINDO (sic) (dói demais escrever sem hífen... Faço isso por vocês... Tamanho é meu amor!), assim, sem hífen mesmo. Por que, eu pergunto: POR QUÊ?! Qual a dificuldade de consultar um professor de português/Ana que as fábricas desse famigerado tapetinho têm? Pelamordedeus!! Consertem isso!

Desprezo Define!


Segue uma fotinho dos tapetinhos, que, por um acaso é o mesmo modelo do tapete de uma das minhas vizinhas:


Feio, né?!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Coisas que irritam

Existem coisas extremamente irritantes em ser mãe de uma criança especial.

Uma delas é a posição das pessoas, as bobeiras que temos que ouvir quando descobrem que temos uma filho com necessidades especiais:

a) Aproveita esse presente pra crescer espiritualmente! Só pelo fato de ter um filho assim, sua vaga no céu já está garantida.
Acredito que qualquer mãe tem trabalho com o filho, independente do fato dele ser ou não portador de necessidades especias... Então, ninguém tá com a vaga garantida, não! Vai crescer você espiritualmente!

b) Tadinho, tão lindo...!
Tadinho do seu por ter uma mãe tão limitada. Tadinho do seu que não tem tudo que ele tem. Ele vai a escola, faz as terapias, é amado e tem o plus de ser lindo! *_*

c) Muito difícil... Nem imagino como vocês aguentam!
Essa com certeza é a pior! Como assim não sabe como a gente aguenta? É MEU FILHO! Não tenho que aguentar nada, tenho que AMAR, cuidar, educar, fazer com que ele se torne a melhor pessoa possível. A mesma obrigação que você tem com o seu, ué!

Pequeno desabafo. Leiam e levem pra vida. Mãe é mãe de qualquer jeito. Não é mais nem menos. Uma mãe não depende da condição do filho pra ser melhor ou pior. Mãe é mãe. Simples assim.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Psiquiatra

O diagnóstico veio quando o Lucas tinha 5 anos. Foi feito dentro de um elevador, após 10 segundos de "consulta". AUTISMO. Assim, na lata. Ela estava certa. Ele é autista. Mas o que disse depois me causa um ódio profundo até hoje quando me lembro!

"Larguem todas as terapias, tenham outro filho pra poder cuidar desse quando vocês faltarem. Parem de gastar com ele. Ele vai ser, no máximo, treinado. Como meu cachorro, que eu treinei pra pegar meus chinelos."

Chuuupaaa Dra.!!! Ele é carinhoso! Entende tudo o que falamos e mostra sua própria opinião! Se vira sozinho quando tem fome! Toma banho sozinho! Vai ao banheiro sozinho! Sorri e demonstra entendimento nas brincadeiras!

E é amadooo!! Coisa que a dra. não dever ter sido! Porque, tentar tirar as esperanças de um pai e uma mãe assim, dentro de um elevador, demonstra uma total falta de responsabilidade e um total desprezo pelo sentimento do próximo.

Tá, a dra. estudou muito pra chegar onde chegou. Mas ninguém tem o direito de condenar uma vida assim, agindo como se estivesse baseada em pilares sólidos. Nem mesmo a dra., armada de todos os seus diplomas.

Chuuupaaaa!!!

Melissinha

Amo Melissinha!! Amo de verdade! Tenho 6! Amo cada uma! Mas por que que tem que dar tanto chulé?! Por quê???
Ou sou só eu?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Mãetorista.

Aí to eu aqui em casa hoje e a chuva rolando. E eu sossegada. Aí me vem na cabeça. LUCAS. Escola. SBC. Paço alagado. Ferrou-se tudo.

Pega o carro, sai na chuva, farol quebrado, pega o Lucas, se molha porque ele não divide o guarda-chuva, enfrenta motoqueiro no caminho, vidro embaçado.

Chega em casa. Chuva para. #fail.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Aí comprica, né?!

O Lucas teve úlcera há 2 anos e 8 meses atrás. Um dos maiores sustos da minha vida. E olha que sendo mãe do Lucas, isso quer dizer alguma coisa (histórias pra serem contadas depois).

Aí, após a internação, eu parecia uma doida. Morria de medo que o negócio começasse a sangrar de novo e ele voltasse a ter dor. Aconteceu do cocô dele ficar escuro...

Da primeira vez percebemos a úlcera por conta do vômito com sangue. E se dessa vez ele não estivesse vomitando?

Perguntei pra médica do Pronto Socorro: "Mas doutora, pode ser cocô com sangue? E se for a úlcera de novo?" no que a médica me responde: "Não tem como saber se for no cocô... Aí comprica, né?!"



"AÍ COMPRICA, NÉ?!"



Todo esse post foi pra chegar nessa frase. Quando eu usar "aí comprica", não é porque não sei escrever. É pra parafrasear essa maravilhosa médica. Porque quando a gente não sabe das coisas, tudo comprica...



Foto do Lucas, só pra vocês se apaixonarem!

Dúvidas cotidianas.

Daí que eu fui pro mc café com o Edu hoje (pra quem não sabe Edu é meu marido - informem-se né, povo?!). Aí a gente pediu o café com chantilly... Vem aquela taça maravilhosa com um tanto de chocolate em calda, um tanto de café e por cima uma quantidade exagerada de chantilly. Assim ó:

E alguém me responde o que devo fazer:

a)Comer o chantilly com a colher, depois tomar o café;

b)Comer um pouco do chantilly e ao mesmo tempo ir misturando pra depois tomar junto com o café;

c)Misturar tudo e virar pra dentro.

REALMENTE fico na dúvida. E pior. Não importa o que eu faça, sempre acho que tá todo mundo me olhando e rindo. Porque estou fazendo errado. Vai me entender.