segunda-feira, 15 de março de 2010

95 dias muito bem aproveitados.

Passamos várias horas, dias, meses (sim meses, já tive a pachorra de contar...) de nossas vidas sentados em cadeiras de consultórios de terapias, à espera do Lucas. Façam as contas: são 4 horas (aproximadas) de terapia que ele faz por semana desde os 3 anos de idade. Hoje ele está com 14 anos, ou seja, são 11 anos de terapia - tá me acompanhando? Então darei seguimento:
São 95 dias de Cadeira!! Já imaginou? E olha que são cadeiras das mais variadas! Cadeiras duras; cadeiras que machucam o calcanhar; sofás confortáveis; bancos baixos; bancos altos... Olha. Já me sentei, bordei, li, ri, conversei, tive crise de pânico (ôpa!) em tudo quanto é tipo de assento!

Várias pessoas já me acompanharam nessas salas de consultórios! Na primeira consulta, quem me acompanhou e segurou minha mão foi a Guiga. Primeiro contato com uma psicóloga para falar do filho possivelmente autista não é fácil. E foi ela que esteve ao meu lado. Perguntando quando me faltavam palavras. Me apoiando na decisão e na escolha.

No início das consultas foi a minha mãe. Não reclamava; cobrava e perguntava. Era minha voz quando eu ainda não a tinha. Até o dia em que criei vergonha na cara (já falei sobre isso) e tirei minha carta. Durante uns 3 anos minha companheira foi a Adriele, eita anos divertidos! Cantando Teddy o polvo, acelerando na Dom Pedro I com o carro salsinha após uma chuva de granizo (#piadainterna ). Entremeada nesses anos estava a Aurinha. Não ia tanto, mas ia! Tinha uma paga pra sua companhia. Eu chegava e vinha a frase: "Trouxe pão?!" Ao que eu respondia: "Sim! Bora acordar e sair?!" Seu sorriso era certeiro e a companhia maravilhosa! Mas elas cresceram, criaram asas... Voaram para longe de mim. E fiquei sozinha nas cadeiras por um tempo.

Até que o Edu foi trabalhar em Americana (meses sombrios, de muito choro, filmes na madrugada e saudades... saudades... semanas infinitas).
Aí meus companheiros na terapia eram a Ana, o e meu afilhado, o Guigui. Que delícia! Guigui começando a andar, Guigui começando a falar, Guigui chorando na ida e na volta... Mas ganhando o coração de todo mundo que passava por nós. E que disposição! De um cunhado que se recusava a fazer horas extras nas quintas-feiras, pra ficar disponível e nos acompanhar. E olha que não eram só flores!! Bateram no carro dele dentro da estacionamento e ele nunca, NUNCA me xingou. Me acompanhou na outra semana com o mesmo bom humor de antes. E disposição de uma irmã que sabe ser A Irmã mais Velha! Doação define! Precisa? Ela tá lá!!

Mas chegamos ao ponto. Me desculpem todos aqueles que já me acompanharam nessas tantas cadeiras/bancos/sofás. Ele voltou de Americana! E voltou disposto a não perder essas horas ao nosso lado. Disposto a não perder essas horas/dias/meses ao meu lado, sentados nesses assentos. E que companhia! Já abrimos figurinhas da copa, tomamos café, comemos salgados, rimos, NÃO tivemos crises de pânico, conversamos, namoramos, trocamos confidências. E vimos nosso menino crescer, florescer. Se tornar esse adolescente lindo que é hoje.

Foram, aproximadamente, 95 dias, até hoje. E, pra quem acha que acompanhar um filho/sobrinho/neto até a terapia é um tempo jogado fora, dê uma boa lida no texto aí em cima e veja como uma companhia pode marcar uma vida.

Tá, tá... Vou tentar ser mais divertida na próxima vez. Ando meio sentimental. Me entendam. E lá vai mais uma dele, bem no alvo! Buscando seu amor:

3 comentários:

Ana disse...

Me emocionei de novo.. vc gosta de ver as irmãs chorando???

Adriele disse...

esfiha, pastéis, pizzas e beirutes (e irmazina gulosa arrumando briga com adulta pagante pq nao queria dividir o pastel)

Tata disse...

Depois vai ter que falar sobre as acompanhantes até a escola, se não eu fico com ciúmes!
hunf! S2